Rádio e TV Fapeam: Educação a distância do AM na Globo
Duas experiências de educação a distância desenvolvidas no Estado do Amazonas ganharam repercussão nacional esta semana ao serem exibidas na série de reportagens sobre o assunto produzida pela equipe do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.
Na segunda-feira (27/4), o principal telejornal do país abriu espaço para as ações do Sistema Presencial Mediado, desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com reportagem de cerca de dois minutos produzida em Manaus e em São Gabriel da Cachoeira. Na capital, do estúdio do sistema presencial da UEA, a equipe do telejornal acompanhou uma aula do curso de Educação Física transmitida ao vivo para 832 alunos em 12 municípios.
Na terça-feira (28/4) foi a vez do Centro de Mídias de Educação do Amazonas, da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-Am). A equipe do JN acompanhou uma aula de inglês transmitida pelo Centro de Mídias. Em Manaus, no cenário montado com lousas virtuais, estava a professora Hezanna Lima; em um município do interior do Amazonas, alunos assistiam às aulas, tirando dúvidas através de uma câmera e um microfone, em tempo real.
A Rádio e TV Fapeam disponibiliza, abaixo, os vídeos das reportagens. Confira.
O QUE É EDUCAÇÃO A DISTANCIA
De acordo com a legislação educacional brasileira, "educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação."(definição que consta no Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei n.º 9.394/96.).
É importante observar que a Educação a Distância (EAD) não pode ser vista como substituta da educação convencional, presencial. São duas modalidades do mesmo processo. Aquela não concorre com a educação convencional, tendo em vista que não é este o seu objetivo (NUNES, s/d). Vale ressaltar que ao não considerarmos a EAD como modalidade educativa alternativa para a democratização do saber, ela tem-se apresentado sob a forma de experiências isoladas e desconectadas de uma concepção filosófica-política consistente e necessária aos programas de educação.
Ao longo das décadas de 70 e 80 o Governo Federal criou várias comissões ou grupos de trabalho para discutir a questão do ensino a distância no Brasil. Segundo Niskier (1996), em 1977 foi criado um grupo de trabalho para estudar a possível implantação de uma Universidade Aberta e a Distância nos moldes da Open University Britânica.
Mais de anos depois no Governo Sarney, outro grupo de trabalho concluiu documento denominado “Por uma Política Nacional de Educação Aberta e a Distância (1989).
Neste algumas linhas gerais para implantação da EAD no Brasil foram definidas:
• Proceder ai levantamento da demanda real de necessidade, a ser atendida pela metodologia de EAD.
• Promover a formação de equipes multidisciplinares para a produção de programas.
• Ampliar o acervo das bibliotecas escolares, de modo a incorporar também vídeos, disquetes e outros materiais.
• Incentivar a produção de programas locais de rádio e televisão.
• Incentivar a produção de programas locais de rádio e televisão.
• Apoiar técnica e financeiramente programas e projetos de EAD promovidos por instituições públicas de ensino e organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.
• Estabelecer mecanismos de acompanhamento e avaliação de programas e projetos da EAD.
• Aproveitar a infra-estrutura de instituições de ensino médio e superior, para torná-las centros de EAD regionais e/ou estaduais.
• Incluir a metodologia da EAD nos currículos dos curso de educação e de comunicação.
• Oferecer, nas universidades, cursos de especialização em metodologia de educação à distância.
Oferecer cursos de especialização para professores e outros profissionais de ensino superior, em face da carência de recursos humanos com titulação adequada e formalmente exigida (NISKIER, 1996). Somente na década de 90 podemos observar uma gradativa implementação de iniciativas governamentais com certa perenidade. O Ministério da Educação e a Fundação Pinto (TVE – RJ) lança em 1990 o Programa Um Salto o Futuro, com o objetivo de qualificar professores do Ensino Fundamental em serviço, através da modalidade de tele-educação. O Programa TV-Escola, lançado em 1995, por sua vez, constituiu um avanço em relação ao “Um Salto para o Futuro”, ao incorporar e produzir novas formas de aprendizagem para os docentes e novos materiais audiovisuais para uso em sala de aula, contribuindo para a qualidade da prática pedagógica e para formação continuada dos professores em tecnologia da Educação. Alonso (1996) ressalta que em 1993 foi estabelecido um Convênio entre o MEC e as Universidades Públicas Brasileiras no sentido de criar uma Sistema Público de EAD em nível de terceiro grau. A conseqüência prática deste foi a constituição do Consórcio Interuniversitário de Educação p.39). acordo com as demandas regionais, definindo linhas de trabalho em EAD que contemplassem a diversidade, os problemas e as características de um país como o nosso.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Nº 9.394/96), promulgada em 20 de dezembro de 1996 prevê a implantação gradativa da Educação a Distância (EAD) no Sistema Nacional de Ensino. Conforme Garcia (1998), “a plena entrada em vigor da LDB Nacional apresenta mais de 100 dispositivos que necessitam de regulamentação especial, quer seja do Conselho Nacional quer seja dos Conselhos Estaduais de Educação” (p.37). Porém, no que tange a EAD, as ações governamentais têm sido muito ágeis na promulgação de legislação complementar que define orientações básicas para implantação, credenciamento e avaliação dos programas de teleducação.
O Art. 80 da Lei estabelece que a União incentivará o desenvolvimento de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e, regulamentará os requisitos básicos necessários para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos a distância. O Decreto Nº2494/98 veio regulamentar o Artigo 80 da LDB, definindo a compreensão (oficial) do que é EAD, da oferta, do credenciamento, da autorização e dos exames. A Portaria Nº301/98 normatiza os procedimentos de credenciamento para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância (www.mec.gov.br).
A seriedade dos programas de EAD pode ser colocada em xeque “(...) há uma resistência muito acentuada, em certos setores governamentais e da intelectualidade acadêmica, com respeito à seriedade dos cursos de EAD. Respondo: Por que então não se fecham certos cursos presenciais, já que muitos sistematicamente transgridem as normas legais, funcionando como semipresenciais e continu am com o privilégio de dar diplomas a alunos. Neste momento estão por se definirem os rumos políticos da EAD, no Brasil, para os próximos 15, 20 anos, que tanto poderão consolidar novos parâmetros de qualidade educativa quanto contribuir para aumentar a segmentação social em nosso país” (GARCIA, p.38). Ainda Walter Esteves Garcia lembra-nos: “O prestígio de que desfrutam hoje algumas instituições que desenvolvem EAD repousa na excelência de seus colaboradores, sejam eles professores, técnicos, experts em diferentes mídias etc. Em alguns ambientes circulam visões equivocadas, pretendendo fazer da educação a Distância uma atividade que não exige grandes investimentos. (...) Os investimentos iniciais são elevados, não só porque os primeiros resultados custam a aparecer, diferentemente da educação presencial, e exigem elevados custos em infra-estrutura, preparo de programas, definição das estratégias operacionais, equipes de apoio, etc” (GARCIA, 1998, p.39.
O NOVO PAPEL DA EDUCAÇÃO
O que isso tem a ver com as necessidades básicas do professor em seu processo de formação e posterior prática pedagógica? Acreditamos que a Terceira Onda introduza uma posição inédita na cultura humana: por um lado, o professor é um elemento altamente estratégico e, por outro, pode ser facilmente dispensável. No primeiro caso, ele pode auxiliar os alunos a aprender a selecionar melhor as suas alternativas e recursos de acesso à informação. Em segundo lugar, o professor precisará estar constantemente atualizado para não se tornar um elemento descartável.
Uma outra variável que não pode ser esquecida : tal como o professor o aluno precisará de reciclagens constantes. A diferença é que ele necessitará de um professor com um alto nível técnico de formação e informação.
Isto introduz uma alteração significativa no quadro de professores. A atualização de conhecimentos torna-se um processo estratégico. Alguns serão facilmente dispensáveis; aqueles não se atualizam. Para os demais, haverá sempre um novo campo de trabalho a ser tecido e estruturado, a partir da própria demanda dos alunos.
Em decorrência, pode-se dizer que a própria escola muda. Enquanto na Segunda Onda as informações básicas vinham através dela, na Terceira Onda os computadores parecem deter este lugar estratégico. A base de informações maiores não virá dos professores, mas dos próprios computadores que poderão ser acionados nos lares, nas bibliotecas ou na própria escola. O professor se tornará então um orientador de formas de estudo mais adaptadas às necessidades dos alunos. Assim, por exemplo, em vez de uma aula de história tradicional, um cd-room elaborado com os mais recentes recursos de multimídia propiciará ao aluno um contato mais aprofundado com a matéria. Ele poderá receber, além de um relato sobre os fatos mais importantes do evento histórico, outras informações complementares. Saber como se constituia a terra naquela época, como era o clima, o céu, a saúde dos sujeitos, etc. Ou seja, estamos saindo de uma história monocromática para uma hipercromática e de recursos de multimídia.
Cabe aos professores, se quiserem participar deste processo de transformação social, uma constante reciclagem. Para que eles não se tornem - como já ouvimos de muitos professores - o "lixo" descartável desta nova era. Um professor atualizado é aquele que tem olhos no futuro e a ação no presente, para não perder as possibilidades que o momento atual continuamente lhe apresenta. Porém, isto não é alguma coisa que o sistema educacional possa obrigar os professores a fazerem. A Informática é ainda uma opção, uma decisão do professor frente aos seus novos rumos de trabalho.
Profª. Drª. Leny Magalhães Mrech
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/artigos/o-que-e-educacao-a-distancia.php
Extraído no dia 19/04/2011 as 14h56min
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